MPT registra 10 mil denúncias de assédio moral no trabalho em sete meses
gazetadevarginhasi
há 3 dias
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Assédio no trabalho: MPT recebe 10 mil denúncias em sete meses.
Entre janeiro e julho de 2025, o Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou aproximadamente 10 mil denúncias de assédio moral em todo o país. Os dados foram apresentados nesta terça-feira (26) durante audiência pública na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, na Câmara dos Deputados, presidida pela deputada Silvye Alves (União-GO).
A vice-coordenadora nacional da Coordigualdade, Fernanda Barreto Naves, alertou para a gravidade da situação e informou que, apenas no primeiro semestre, o órgão recebeu cerca de 800 denúncias de assédio sexual. “Esses números são estarrecedores e revelam a persistência de uma sociedade machista e patriarcal que ainda naturaliza a violência contra as mulheres”, destacou.
Segundo Fernanda, no ambiente profissional, a desigualdade se reflete na divisão sexual do trabalho, na sobrecarga feminina e também na diferença salarial. O Relatório de Transparência Salarial do Ministério do Trabalho e Emprego de 2025 aponta que mulheres recebem, em média, 20,9% a menos que os homens em funções equivalentes.
A representante do MPT também chamou atenção para a violência de gênero nas redes sociais. Citou uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que identificou 137 canais ativos no YouTube com conteúdos misóginos, que juntos somam 3,9 bilhões de visualizações. Para ela, esse cenário reforça estigmas e limita a participação feminina em espaços de decisão.
Fernanda Naves ressaltou ainda a importância da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho, que reconhece o assédio como forma de violência de gênero e amplia a compreensão do ambiente laboral, incluindo também espaços virtuais, festas corporativas e relações no setor público.
Ela explicou que o assédio sexual não se restringe ao contato físico, podendo ocorrer por meio de piadas, comentários, mensagens virtuais ou outras condutas invasivas. Como forma de enfrentamento, orientou que mulheres mantenham registros, busquem apoio e denunciem os casos ao MPT, inclusive de forma sigilosa pelo site da instituição. “A melhor forma de evitarmos o assédio é romper com esses estigmas, preconceitos e padrões históricos culturais frutos da nossa sociedade machista e patriarcal”, afirmou.
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