Municipalização do Hospital Federal do Andaraí no RJ é Criticada por Servidores e Pacientes
O processo de municipalização do Hospital Federal do Andaraí, no Rio de Janeiro, teve início nesta segunda-feira, 8 de julho, transferindo a gestão dos serviços de saúde do governo federal para a Prefeitura do Rio. A medida tem sido criticada como uma solução eleitoreira, e servidores em greve há 54 dias destacam problemas persistentes, como a falta de seringas e o fechamento de 120 leitos, além da carência de médicos.
Após 90 dias, a administração compartilhada entre a prefeitura e o Ministério da Saúde poderá ser prorrogada, conforme anunciado no Diário Oficial da última sexta-feira, 5 de julho. A expectativa é que o município assuma definitivamente a unidade de saúde, em meio a uma crise de gestão nas unidades federais.
Um médico fisioterapeuta do Centro de Tratamento de Queimados relatou ao jornal O Globo que a unidade está sem condições de receber pacientes infantis devido à falta de materiais e de mão de obra. Ele destacou que a enfermaria infantil está sem pediatra há mais de cinco anos, impossibilitando internações no setor.
O Hospital do Andaraí foi escolhido para a transferência por apresentar desafios significativos. Com apenas 55% dos seus 304 leitos ocupados, a unidade de média e alta complexidade está com a emergência fechada e obras inacabadas, como a do setor de radioterapia.
Na urgência do Andaraí, pacientes foram orientados a buscar atendimento no Hospital Municipal Souza Aguiar. Um funcionário afirmou que somente casos graves seriam atendidos. Anderlane Pereira, auxiliar de enfermagem do setor de cirurgia plástica, criticou a falta de insumos básicos, como seringas, e o fechamento da cozinha, que prejudica a alimentação dos pacientes e o atendimento de emergência.
Os pacientes também relatam dificuldades. Gilberto Olímpio, de 70 anos, em tratamento de câncer no reto desde 2016, teve suas sessões de quimioterapia suspensas por três meses devido à falta de medicamentos. Ele precisou buscar atendimento no Souza Aguiar devido à greve e ao fechamento do hospital.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), se reuniu com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, para discutir a transferência do Hospital Federal do Andaraí. As equipes técnicas vão definir a gestão compartilhada pelos próximos 90 dias, incluindo orçamento e gestão de pessoal. A União vai ceder bens móveis e imóveis, além de servidores federais. Ao final do período, a prefeitura assumirá toda a administração do Andaraí.
A descentralização dos outros cinco hospitais federais no Rio também está sendo negociada. A medida do Ministério da Saúde não agradou aos servidores do Andaraí. A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que ainda vai definir e comunicar os detalhes e metas da contratualização nos próximos dias, destacando que a parceria pretende recuperar plenamente o hospital e integrá-lo ao Sistema Único de Saúde.
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