Médicos alertam sobre riscos do uso indiscriminado do omeprazol
gazetadevarginhasi
há 1 hora
2 min de leitura
O omeprazol, um dos medicamentos mais consumidos no Brasil para tratar acidez estomacal, voltou a ser alvo de atenção por parte de especialistas da área da saúde. Apesar de ser amplamente vendido sem a necessidade de prescrição médica, médicos alertam para os riscos do uso indiscriminado do remédio, que pode levar a efeitos colaterais graves e até mascarar doenças como o câncer gástrico.
Comercializado no país há 37 anos, o omeprazol foi inicialmente celebrado como uma solução eficaz no tratamento de refluxo, gastrites, úlceras e no combate à bactéria Helicobacter pylori. Ao longo dos anos, o medicamento se tornou tão comum quanto perigoso, especialmente quando utilizado por longos períodos sem orientação adequada. A classe médica agora defende que o fármaco seja devolvido ao seu uso correto: como um aliado pontual, com dosagem específica e por tempo determinado.
Entre os principais riscos associados ao uso prolongado do omeprazol estão a deficiência na absorção de nutrientes essenciais como vitamina B12, cálcio e zinco. A carência desses elementos pode desencadear problemas neurológicos, osteoporose e enfraquecimento do sistema imunológico. O professor de medicina e coordenador do Serviço de Endoscopia da Faculdade de Medicina do ABC, Eduardo Grecco, explica que a redução da acidez estomacal, causada pelo uso contínuo do medicamento, compromete a absorção adequada desses nutrientes. A deficiência de vitamina B12, por exemplo, pode provocar sintomas semelhantes à demência.
Casos como o da estudante Maria Luíza Cesário ilustram os perigos do uso sem prescrição. Após iniciar o uso do omeprazol por conta própria, seguindo conselhos de amigos, ela enfrentou náuseas e vômitos frequentes. Só depois de dois anos descobriu que tinha uma inflamação generalizada no estômago, chamada pangastrite. A partir do diagnóstico correto e de um tratamento supervisionado, conseguiu abandonar o uso contínuo do medicamento.
Médicos reforçam que o omeprazol não é um vilão, mas deve ser usado com responsabilidade e acompanhamento profissional. O uso contínuo e sem indicação não apenas prejudica o organismo, como pode mascarar sintomas de doenças mais graves, atrasando diagnósticos e complicando quadros clínicos.
A recomendação é clara: antes de iniciar qualquer tipo de tratamento com medicamentos para o sistema digestivo, especialmente aqueles de uso prolongado, é fundamental buscar avaliação médica especializada. A automedicação, embora comum, pode representar um risco à saúde pública e individual.