Operação Carbono Oculto mira 350 alvos em oito estados e expõe rede ligada ao PCC
gazetadevarginhasi
29 de ago.
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Divulgação
Operação Carbono Oculto desmantela esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis.
O Ministério Público Federal (MPF) participa da força-tarefa que deflagrou, nesta quinta-feira (28), a Operação Carbono Oculto, destinada a desarticular um amplo esquema de fraudes no mercado de combustíveis. A investigação aponta que os crimes lesaram consumidores, empresários do setor e os cofres públicos em valores que ultrapassam R$ 7,6 bilhões apenas em sonegação de tributos.
Ao todo, mais de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, foram atingidos por mandados de prisão e de busca e apreensão em oito estados: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
A operação mobilizou 1,4 mil agentes, entre membros da Polícia Federal, Polícias Civil e Militar de São Paulo, Receita Federal, Secretaria da Fazenda e Planejamento de São Paulo, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Procuradoria-Geral do Estado. A atuação contou ainda com apoio dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF e do Ministério Público de vários estados.
Esquema sofisticado
As apurações revelaram que o esquema envolvia diferentes organizações criminosas, com a participação de integrantes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Os suspeitos são investigados por crimes contra a ordem econômica, adulteração de combustíveis, crimes ambientais, estelionato, fraude fiscal e lavagem de dinheiro.
Um dos principais eixos da fraude estava na importação irregular de metanol, produto altamente inflamável e tóxico. O material entrava pelo Porto de Paranaguá (PR) e, em vez de seguir para os destinatários corretos, era desviado para postos e distribuidoras ligadas ao grupo criminoso, onde era utilizado na adulteração de combustíveis. O transporte era feito com documentação falsa e sem observar normas de segurança, colocando em risco trabalhadores e a população.
Mais de 300 postos estão sob investigação por comercializar combustíveis adulterados, prática que causou danos a veículos, prejuízos financeiros aos consumidores e até ameaças de morte a antigos donos de estabelecimentos usados no esquema, que não receberam valores devidos pela venda.
Lavagem de dinheiro e expansão
O lucro das fraudes era direcionado a uma rede complexa de pessoas interpostas, que ocultava os verdadeiros beneficiários por meio de empresas de fachada, fundos de investimento e instituições de pagamento. Parte dos recursos foi usada para comprar usinas sucroalcooleiras e expandir a atuação de distribuidoras, transportadoras e postos.
As movimentações financeiras do grupo passavam principalmente por fintechs controladas pelo crime organizado, em vez de bancos tradicionais, dificultando o rastreamento dos valores. Essas instituições paralelas operavam com contabilidade própria, permitindo transações sem identificação dos beneficiários finais.
Recuperação de ativos
Além das medidas criminais, o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira/SP) vai adotar providências para bloquear bens e garantir a recuperação do montante bilionário de tributos sonegados.
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