PF e Receita desarticulam esquemas bilionários de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis
gazetadevarginhasi
28 de ago.
2 min de leitura
Divulgaçã PF
Polícia Federal deflagra operações contra esquemas bilionários de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis.
A Polícia Federal, em conjunto com a Receita Federal, deflagrou nesta quinta-feira (28) duas operações simultâneas voltadas ao combate ao crime organizado na cadeia produtiva de combustíveis. Embora distintas, as investigações têm em comum o objetivo de desarticular redes especializadas em lavagem de dinheiro, com grande impacto financeiro e envolvimento de organizações criminosas.
Operação Quasar
A Operação Quasar mira uma organização criminosa voltada à lavagem de dinheiro e à gestão fraudulenta de instituições financeiras. De acordo com a PF, o grupo utilizava fundos de investimento para ocultar patrimônio de origem ilícita, em um esquema sofisticado com indícios de ligação a facções criminosas.
A estrutura funcionava por meio de múltiplas camadas societárias, em que fundos de investimento controlavam outros fundos ou empresas, criando uma rede complexa que dificultava a identificação dos beneficiários finais. Transações simuladas de compra e venda de imóveis e títulos entre empresas do mesmo grupo também eram utilizadas para dar aparência de legalidade aos recursos.
Nesta fase, são cumpridos 12 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. A Justiça Federal autorizou o sequestro integral dos fundos de investimento utilizados pelo grupo, além do bloqueio de bens e valores que somam cerca de R$ 1,2 bilhão, valor correspondente às autuações fiscais já aplicadas. Os investigados também tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados.
Operação Tank
Paralelamente, a Operação Tank busca desmantelar uma das maiores redes de lavagem de dinheiro já identificadas no Paraná. Segundo a investigação, desde 2019 o grupo criminoso lavou ao menos R$ 600 milhões, movimentando mais de R$ 23 bilhões por meio de centenas de empresas, entre postos de combustíveis, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.
Entre os métodos utilizados estavam depósitos fracionados em espécie — que ultrapassaram R$ 594 milhões —, uso de “laranjas”, transações cruzadas, repasses sem lastro fiscal, fraudes contábeis e simulação de aquisições. A rede também aproveitava brechas do Sistema Financeiro Nacional para realizar transações anônimas por meio de instituições de pagamento.
As investigações ainda apontaram fraudes na comercialização de combustíveis, como adulteração de gasolina e a prática conhecida como “bomba baixa”, em que o volume abastecido é menor do que o registrado na bomba. Pelo menos 46 postos em Curitiba estariam envolvidos nessas irregularidades.
Ao todo, são cumpridos 14 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão nos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. A Justiça determinou o bloqueio de bens e valores de 41 pessoas físicas e 255 jurídicas, resultando em constrição patrimonial superior a R$ 1 bilhão.
As operações desta quinta-feira têm como foco desestruturar financeiramente as organizações criminosas, recuperar valores desviados e reforçar o compromisso da Polícia Federal no enfrentamento à lavagem de dinheiro e à infiltração do crime organizado no mercado de combustíveis e no sistema financeiro.
Comentários