Tarifas dos EUA trava exportações de café no Sul de Minas e preocupa setor em Varginha
gazetadevarginhasi
8 de ago.
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As novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros já estão impactando diretamente o Sul de Minas, principalmente o setor cafeeiro. Em Varginha, o Porto Seco — referência no escoamento de exportações na região — sente os efeitos: cerca de 90% dos exportadores atendidos têm os EUA como destino principal, e pelo menos 20% da produção enviada para o exterior costuma seguir para o mercado norte-americano.
Segundo o diretor do Porto Seco, Breno Paiva, a situação é alarmante. Ele compara o aumento tarifário a um bloqueio comercial. “Com uma tarifa de 50%, o café brasileiro perde completamente a competitividade. Não há como concorrer com países como Vietnã e Colômbia, que enfrentam encargos muito menores, de 20% e 10%, respectivamente”, destacou.
Diante das novas taxas, muitos embarques foram suspensos. Os lotes já prontos permanecem armazenados, gerando custos adicionais aos produtores e exportadores. Além dos gastos com estocagem, há ainda o risco de prejuízo nas negociações internacionais.
“O exportador pode ser forçado a desfazer contratos e, nesse caso, arca com diferenças de preços e outras perdas comerciais”, explicou Paiva. Ele acrescenta que a tendência é de agravamento, caso a situação perdure: “Cada dia parado representa aumento de despesas”.
Apesar do cenário adverso, há a possibilidade de buscar novos mercados. Com os Estados Unidos retraindo a compra do café brasileiro, a expectativa é de ampliar vendas para países europeus e asiáticos, como Alemanha, Itália e Japão, que historicamente já consomem o produto nacional.
Ainda assim, o setor mantém a esperança de que os EUA revejam a decisão. “O Brasil responde por cerca de 30% das importações de café dos norte-americanos. É difícil imaginar que essa tarifa se sustente por muito tempo nesse segmento específico”, avaliou o diretor.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) também reforça o peso do Brasil no consumo de café nos Estados Unidos. Dados da entidade apontam que mais de um terço do café ingerido pelos norte-americanos tem origem brasileira.
Diante dos efeitos negativos, o governo federal informou que medidas de apoio aos exportadores estão sendo elaboradas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote deve ser anunciado em breve, incluindo linhas de crédito com juros reduzidos voltadas especialmente para micro e pequenas empresas que atuam no comércio exterior, como forma de amortecer os prejuízos gerados pelo chamado “tarifaço” do governo Trump.
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