Taxa de suicídio cresce 25% em Minas Gerais e afeta principalmente homens e jovens adultos
gazetadevarginhasi
há 2 dias
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Entre 2018 e 2023, o número de mortes por suicídio em Minas Gerais cresceu 25%, saltando de uma taxa de 7,37 para 9,23 óbitos por 100 mil habitantes, superando a média nacional registrada em 2023, que foi de 8,05. Ao todo, o estado contabilizou 10.753 mortes por suicídio nesse período, sendo a maior parte delas entre homens, que representaram 77% das vítimas. A disparidade mais acentuada ocorreu em 2019, quando quase 80% dos óbitos foram de indivíduos do sexo masculino. Os dados integram o relatório “Setembro Amarelo: Um panorama sobre a saúde mental nas microrregiões de Minas Gerais”, elaborado e divulgado pelo Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCEMG) neste mês. O objetivo do levantamento é compreender o cenário da saúde mental nos municípios mineiros, sua estrutura de atendimento e o enfrentamento às questões emocionais que afetam diferentes faixas da população. De acordo com o estudo, a pressão social sobre os homens, que ainda enfrentam resistência em buscar apoio psicológico, ajuda a explicar o alto índice entre esse grupo. “Alinhado a evidências empíricas e à própria percepção social de que as mulheres são mais abertas à expressão emocional, os dados analisados sugerem que os homens podem estar enfrentando doenças mentais de forma silenciosa”, aponta o relatório. A expectativa social de força, independência e resiliência emocional acaba levando à repressão de sentimentos e à negação da vulnerabilidade.n Outro aspecto relevante observado foi a mudança no perfil etário das vítimas. Se em 2018 a faixa etária com maior taxa de suicídios era entre 40 e 49 anos, com 11,48 por 100 mil habitantes, em 2023 esse grupo foi superado por adultos de 30 a 39 anos, que atingiram o índice de 13,92. Em segundo lugar, estão os jovens de 20 a 29 anos, com taxa de 12,66 por 100 mil. A tendência preocupa autoridades de saúde, que veem nos desafios da vida adulta, como inserção no mercado de trabalho, formação de carreira e construção familiar, possíveis gatilhos para crises emocionais severas. Apesar dos números menores, os adolescentes também chamam atenção. A taxa de suicídio entre jovens de 10 a 14 anos caiu levemente de 0,98, em 2018, para 0,91 em 2023, mas continua sendo motivo de alerta. Entre os fatores de risco para essa faixa etária estão o bullying escolar, a pressão por desempenho acadêmico, os conflitos familiares e os efeitos negativos do uso de redes sociais. O relatório revela ainda uma crescente vulnerabilidade entre idosos com 80 anos ou mais, cuja taxa saltou de 6,61 para 9,64 no mesmo período analisado. O avanço pode estar associado ao isolamento social, luto, doenças crônicas e à perda de autonomia. Especialistas afirmam que, com o envelhecimento populacional, é urgente pensar em estratégias de acolhimento psicológico e prevenção ao suicídio nessa faixa etária.
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