Ultraprocessados já representam quase um quarto da alimentação dos brasileiros, aponta estudo
- gazetadevarginhasi
- 19 de nov.
- 3 min de leitura

Levantamento internacional revela aumento global no consumo e alerta para impactos na saúde pública.
O consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil mais que dobrou desde os anos 1980, passando de 10% para 23% da dieta nacional, segundo uma série de artigos publicados nesta terça-feira (18) na revista The Lancet. O pacote de estudos reúne o trabalho de mais de 40 pesquisadores liderados pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da USP.
A tendência brasileira reflete um fenômeno global: em 91 dos 93 países analisados, o consumo desses produtos aumentou ao longo das últimas décadas. O Reino Unido é o único onde o índice permaneceu estável, em cerca de 50% — marca superada apenas pelos Estados Unidos, onde os ultraprocessados já representam mais de 60% da alimentação.
Crescimento impulsionado por grandes corporações
Segundo o pesquisador Carlos Monteiro, coordenador do estudo, o avanço dos ultraprocessados ao redor do mundo não é acidental, mas fruto da atuação de grandes empresas do setor alimentício:
“Grandes corporações globais impulsionam essa mudança priorizando produtos ultraprocessados, com forte marketing e lobby político que bloqueiam políticas de alimentação saudável”, afirma.
Os dados mostram aumentos expressivos em diversos países: o consumo triplicou na Espanha e na Coreia do Sul e avançou significativamente na China, onde passou de 3,5% para 10,4%. Na Argentina, subiu de 19% para 29%.
A tendência se repete entre diferentes faixas de renda — primeiro entre os mais ricos e, depois, com expansão para toda a população — embora fatores culturais ainda expliquem algumas diferenças. Países de alta renda como Canadá chegam a 40%, enquanto Itália e Grécia permanecem abaixo de 25%.
Relação com obesidade e doenças crônicas
O avanço dos ultraprocessados acompanha o aumento global de obesidade, diabetes tipo 2, câncer colorretal e doenças inflamatórias intestinais. De 104 estudos de longo prazo analisados, 92 apontaram risco aumentado de uma ou mais doenças crônicas entre pessoas que consomem esses produtos com frequência.
Os cientistas afirmam que substituir alimentos tradicionais por ultraprocessados é hoje um dos fatores centrais no agravamento de problemas de saúde relacionados à alimentação. Eles defendem políticas urgentes para promover dietas baseadas em alimentos in natura.
O que são ultraprocessados
A classificação Nova, criada por pesquisadores brasileiros em 2009, divide alimentos em quatro grupos segundo o grau de processamento:
In natura ou minimamente processados: frutas, legumes, carnes, grãos.
Ingredientes processados: açúcar, óleo, sal.
Processados: alimentos do grupo 1 com adição do grupo 2, como enlatados e pães simples.
Ultraprocessados: produtos industriais que combinam ingredientes baratos, aditivos químicos e processos que os tornam atraentes, duráveis e prontos para consumo — como refrigerantes, biscoitos recheados, snacks, embutidos e macarrão instantâneo.
Monteiro ressalta que o processamento, antes voltado à preservação dos alimentos, passou a ter como objetivo criar “substitutos baratos e hiperpalatáveis”.
Recomendações dos especialistas
Os pesquisadores propõem uma série de ações para reduzir o consumo:
Rotulagem clara sobre aditivos, corantes e aromatizantes.
Restrição de venda desses produtos em escolas e hospitais.
Regras rígidas para publicidade infantil.
Sobretaxação de ultraprocessados para financiar frutas, legumes e outros alimentos frescos para famílias de baixa renda.

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