Black Friday perde forca no Brasil e lojistas priorizam vendas de Natal
gazetadevarginhasi
22 de set.
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Divulgação
Varejo brasileiro aposta mais no Natal e reduz foco na Black Friday em 2025.
A Black Friday, marcada para a última sexta-feira de novembro, vem ganhando um contorno particular no Brasil. Diferente dos Estados Unidos, onde a data serve para o escoamento de estoques antes do Natal, os consumidores brasileiros preferem antecipar as compras natalinas, aproveitando os descontos com a primeira parcela do 13º salário. Em dezembro, deixam apenas lembrancinhas e os itens tradicionais da ceia.
Neste ano, no entanto, o varejo nacional sinaliza uma mudança de estratégia. A tendência é reduzir investimentos em propaganda e promoções da Black Friday para priorizar as vendas de Natal, quando os descontos são menores e as margens de lucro, maiores.
Mudanca de estrategiaSegundo Daniel Sakamoto, gerente executivo da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), a decisão dos lojistas é estratégica. “Muitos varejistas dizem que vão tirar um pouco da força de mídia da data, para dar maior foco ao Natal, onde conseguem uma margem melhor”, explicou.
A exceção está no setor de tecnologia e eletrônicos, que continua tendo na Black Friday o pico de vendas do ano. Já marketplaces, que não mantêm estoques e operam com margens reduzidas, devem seguir investindo pesado na data, especialmente em produtos de grande giro.
Margens apertadas e concorrencia estrangeiraO cenário econômico pressiona o varejo nacional. Com juros altos e endividamento elevado, muitas redes trabalham com margens estreitas. “Não vale brigar por preço para vender muito na Black Friday e pouco no Natal”, ressaltou Sakamoto.
Executivos do setor reconhecem, em caráter reservado, que a data já não compensa financeiramente. Um diretor de rede supermercadista afirmou não ter interesse em participar neste ano, e uma fabricante de eletrodomésticos informou que os varejistas estão com estoques cheios, mas sem grandes compras programadas para novembro.
Apesar disso, grandes players, como o Carrefour, seguem apostando forte na Black Friday. “Seguiremos exatamente como nos anos anteriores, com uma atuação forte em todas as categorias”, afirmou Marco Alcolezi, diretor de operações, destacando que a data é oportunidade de economizar em itens que vão de alimentos a eletroeletrônicos.
Contratacoes para o fim do anoMesmo com ajustes de estratégia, o varejo prevê um fim de ano movimentado. Pesquisa da CNDL e do SPC Brasil aponta que serão abertas 118 mil vagas temporárias, efetivas, informais e terceirizadas em todo o país, alta de 7,3% em relação às 100 mil oportunidades registradas em 2024.
O levantamento, feito por telefone com 533 empresas de diferentes portes entre 23 de junho e 16 de julho, tem margem de erro de 4,2% e intervalo de confiança de 95%.
Cenario economicoAlguns fatores reforçam o otimismo do setor: o desemprego atingiu o menor índice desde 2012, com taxa de 5,6% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pnad Contínua/IBGE. Além disso, a taxa Selic, embora alta em 15%, parou de subir e pode começar a cair em 2026.
Ainda assim, o clima de incerteza persiste. Entre os empresários entrevistados, 59% disseram que não pretendem contratar neste fim de ano, principalmente pela instabilidade econômica. Em 2024, apenas 12% citaram esse motivo; neste ano, o índice subiu para 32%.
“Boas notícias geram consumo. Até o fim do ano, as expectativas são positivas. Mas o varejista investe quando percebe que o consumidor está disposto a gastar. Se o público temer pelo futuro do seu emprego ou dos seus negócios, vai gastar menos ou deixar de comprar”, concluiu Sakamoto.
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