Cenipa aponta falhas humanas e uso de celular na torre como causa de colisão no Galeão

O relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), divulgado nesta quarta-feira (6), apontou uma série de falhas operacionais e humanas que contribuíram para a colisão entre um avião da Gol e uma picape de manutenção no Aeroporto do Galeão (RJ), no dia 11 de fevereiro de 2025.

Na ocasião, o Boeing 737-8 MAX, com 109 pessoas a bordo, colidiu com um veículo que estava parado na pista no momento da decolagem. O episódio foi classificado como um "incidente grave", que por pouco não resultou em tragédia.

Os pilotos só visualizaram o obstáculo a 185 metros de distância, desviaram bruscamente para a direita e abortaram a decolagem. A picape foi atingida lateralmente, duas pessoas ficaram feridas e o avião sofreu danos estruturais.

Segundo o relatório, o controlador de voo autorizou a decolagem sem confirmar se a pista estava livre, após remover o bloqueio de segurança do sistema, mesmo sem ter liberado formalmente a saída do veículo. O documento aponta um ambiente com "informalidade excessiva" na torre de controle, incluindo uso indevido de celulares e conversas alheias ao serviço. O supervisor estava usando o celular no momento, mesmo fora de turno, mas ainda atuando funcionalmente.

Outros fatores também contribuíram para o acidente:

• Má visibilidade da pista, devido à vegetação que bloqueava a visão da torre;

• Estações de trabalho fora dos padrões ergonômicos, dificultando a vigilância contínua;

• Falta de coordenação entre os controladores e os operadores do veículo.

Após o ocorrido, os funcionários envolvidos foram afastados e receberam atendimento psicológico. O Cenipa recomendou medidas como reforço no treinamento, melhorias na ergonomia da torre, poda da vegetação e revisão dos protocolos de tráfego de solo. O relatório foi encaminhado à Anac e ao Decea, que devem tomar providências para evitar novos incidentes.

O aeroporto RIOgaleão informou que já adotou as recomendações sob sua responsabilidade antes mesmo da publicação do relatório e mantém colaboração com as autoridades.