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Coluna Agenda 21 - 01/06/2024



Tragédia anunciada


Segundo pesquisadores, as enchentes no Sul, que atingiram 446 municípios e cujo nível pluviométrico chegou a 800 mm, elevando as águas do Guaíba à marca histórica de 5,33m, têm relação íntima com o aquecimento global.
Especialistas, em entrevista ao repórter André Biernath da BBC News Brasil** explicam que a frequência e intensidade de eventos climáticos extremos vêm aumentando em todo o mundo.

O climatologista Alexandre Costa, da Universidade Estadual do Ceará diz que “as projeções apontam que no momento em que o aquecimento global ultrapassou a barreira de 1 °C os eventos extremos úmidos se tornaram 30% mais frequentes e 6% mais intensos”. Ele reforça que “quando a atividade humana lança gases que elevam as temperaturas e mudam o ciclo hidrológico do planeta, isso gera uma gama de novas possibilidades, como secas numa região ou tempestades fora do comum em outras”

Aqui no Brasil, o desmatamento da Amazônia e do Pantanal, dois grandes reguladores de chuva, vem se intensificando nas últimas décadas, contribuindo para estes fenômenos.

A bióloga Patrícia Eichler-Barker, pesquisadora visitante do Laboratório de geologia e geofísica marinha e monitoramento ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), observa que “toda a região sul do Brasil sofre uma série de problemas relacionados ao clima nas últimas duas décadas (...) Sempre ouvimos que o Brasil não sofria com catástrofes naturais. Furacões e tufões eram coisas dos Estados Unidos, tsunamis só ocorriam na Tailândia. Mas começamos a ver que isso não corresponde a mais à realidade”.

Aliadas a tudo isso, outras ações humanas atuam como catalizadoras dos problemas climáticos. A expansão imobiliária ocupando planícies de várzeas, as encostas desmatadas pelo plantio e a falta de manutenção correta dos diques de contenção e das barreiras antialagamentos, tornaram o problema gaúcho ainda maior.

O conceito cidade esponja vem surgindo nas conversas com exemplos pelo mundo e mesmo no Brasil, com modelos pontuais em Curitiba e Fortaleza. São cidades em que o planejamento urbano prevê calçadas permeáveis, parques alagáveis, baías de retenção, jardins de chuva e outras tecnologias que permitem que a água não fique retida provocando inundações.

Mas nada disso surtirá efeito se a água que vem do céu e enche os mananciais exceder todas as previsões, tendência que se tornará realidade se não contivermos o aquecimento do planeta.

** Site bbc.com – reportagem: O que causou a enchente de 1941 em Porto Alegre e por que ela não é argumento para negar mudanças climáticas – acessado em 29/05/24 às 9:30

* Luciane Madrid Cesar
Artigo gentilmente cedido pela autora a título de colaboração com a Agenda 21 Local.
Engº Alencar de Souza Filgueiras
Presidente do Fórum Agenda 21 Local
Presidente do Conselho Fiscal do IBAPE/MG

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