Quando ouvimos a expressão “lixo zero”, podemos pensar que isso é uma utopia. Será que é possível zerar o lixo? Na verdade, esse conceito é uma meta. A ideia é nos aproximarmos desse zero o máximo possível. Quanto mais perto, mais teremos ganhos sociais, ambientais e econômicos. Ser lixo zero, na prática, significa reduzir ao máximo o descarte de resíduos em aterros sanitários ou lixões, dando preferência ao reuso, a reciclagem, a compostagem e a logística reversa. Assim, reintegramos nosso “lixo” à cadeia produtiva, por meio da economia circular. Isso vale tanto para as pessoas em sua vida pessoal, quanto para empresas, eventos e instituições.
Essas ações podem, inclusive, ser o projeto de cidades inteiras, com políticas públicas e conscientização da população no que diz respeito ao descarte e ao consumo. A ação lixo zero já começa quando avaliamos o impacto que os produtos que compramos (e suas embalagens) terão ao serem descartados, e o modo como aqueles itens foram produzidos em relação ao respeito ao meio ambiente e às condições de trabalho.
Os dados mais recentes, 2024, do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil, da ABREMA (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente): 80,9 milhões de resíduos foram gerados em 2023. Destes, 85,6% foram para aterros e lixões e só 8% foi reciclado. E ainda existem 3000 lixões no país (a lei estipula que já deveriam estar todos substituídos por aterros sanitários). A boa notícia é que a taxa de reciclagem mais que dobrou de 2022 para 2023. Catadores informais são responsáveis por 5,6% do total coletado.
Há urgência numa mudança de postura. E a responsabilidade tem que ser de todos: O poder público precisa garantir a coleta seletiva, fiscalizar e incentivar a economia circular. As empresas precisam repensar seus processos produtivos, cumprir as legislações a respeito e fazer a logística reversa. E nós, os consumidores, precisamos reavaliar nossos hábitos de consumo, separar os resíduos corretamente e pressionar governo e empresas por mudanças.
Se você ficou em dúvida com alguns dos termos que citei, vai aí uma ajudinha:
Lixões – lugares de descarte de resíduos a céu aberto, sem nenhuma tecnologia de cuidado com o impacto ao meio ambiente ou à saúde pública.
Aterro Sanitário – locais projetados para tratar os resíduos depositados lá, minimizado os impactos negativos ao meio ambiente e saúde da população. Eles têm limite de vida útil (espaço), sendo necessário cada vez mais aterros para suprir a demanda.
Economia circular – sistema econômico que mantém os materiais e produtos em uso pelo maior tempo possível, em ciclo contínuo de uso e reutilização de recursos. É o contrário da economia linear, amplamente utilizada, de extrair, produzir e descartar.
Logística Reversa – fluxo pelo qual produtos, embalagens e outros resíduos sólidos saem das mãos do consumidor final e retornam à origem, a indústria que os fabricou, podendo ser utilizados na remanufatura dos produtos.
Reuso – processo de reutilização dos resíduos na mesma função ou em outra, sem que eles passem por processo de transformação.
Reciclagem – processo industrial que transforma o resíduo em matéria prima para produção de novos produtos.
Compostagem – processo biológico que transforma resíduos orgânicos (alimentos e alguns outros resíduos) em adubo natural, rico em nutrientes para o solo.
Informações obtidas no Instagram @umsóplaneta e @institutolixozerobrasil
* Luciane Madrid Cesar
Artigo gentilmente cedido pela autora a título de colaboração com a Agenda 21 Local.
Engº Civil Alencar de Souza Filgueiras
Presidente do Fórum Agenda 21 Local
Conselheiro do CREA-MG representando o IBAPE/MG
Membro do Conselho Fiscal do IBAPE-MG
Coordenador adjunto do Comitê de Inspeção Predial e OAE do CREA-MG
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