Meu pai dizia que quando se quer ajudar, é preciso que se esteja disponível para fazer não o que deseja, mas o que é necessário.
Lembro disso sempre que se fala em ações de voluntariado. Lembrei disso sexta-feira passada quando nos reunimos para separar embalagens de medicamentos - os blisters - recolhidos pela Associação Vida Viva durante meses e que estão estocados num barracão no centro da cidade. Fomos em quatro pessoas, trabalhamos durante uma tarde inteira e não conseguiram separar nem 2% do total. Serão necessários muitos braços a mais.
Esses blisters são recolhidas pela Vida Viva em diversos pontos na cidade e em cidades vizinhas e depois são enviados para uma usina que reaproveita 100% do material e que, em contrapartida, doa cadeiras de rodas. Recentemente, a usina informou que não poderia mais arcar com o frete até a empresa em Pouso Alegre. Assim, tudo foi estocado aguardando uma solução, que chegou agora. Com o apoio do Festival de cidadania Virada Varginha, duas empresas do segmento de logística e transportes, a Simplifica Frete e a Transjori, vão ajudar a levar as cerca de 6 toneladas de embalagens (mais de um milhão de blisters) para a usina. Mas para que seja aproveitado todo o potencial, é necessário quer se faça uma triagem.
O drama começa já no envio pela comunidade. Talvez por desinformação, as pessoas coloquem ali junto embalagens que ainda contêm algum comprimido, o que contamina o material, inviabilizando o aceite de todo o lote. Há também a presença de outros recicláveis que, embora recebidos pelo Vida Viva, como tampinhas plásticas e lacres de latinhas, são encaminhados para outros lugares, não podendo estar ali misturados. Até máscaras usadas nós encontramos ali junto!! Se os recicláveis vierem separados da origem, facilita muito o trabalho de envio.
A Associação Vida Viva informa que suspendeu o recebimento de blisters, por enquanto, até que as remessas sejam normalizadas. Mas continua recebendo tampinhas plásticas e lacres de latinhas, que devem vir cada um em um saquinho, sem misturar.
Os blisters que contém comprimidos devem ser descartados em farmácias que os recebam, como a Vita Corpus ou a Drogasil. Jamais jogue remédios no lixo comum ou no vaso sanitário!!
E, como disse Beto Guedes: “vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois...”
* Luciane Madrid Cesar
Artigo gentilmente cedido pela autora a título de colaboração com a Agenda 21 Local.