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Coluna Fatos e Versões com Rodrigo Silva Fernandes 28/11/2025

  • gazetadevarginhasi
  • há 3 minutos
  • 7 min de leitura
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RODRIGO SILVA FERNANDES é advogado e

articulista político da Gazeta escreve as quartas e sextas.


Escândalo na Secretaria de Obras pode não ser o único
Depois do escândalo descoberto pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), em operação que investigou o uso indevido de maquinário da Prefeitura de Varginha em propriedades e empreendimentos particulares — o que resultou na exoneração do então secretário municipal de Obras, Willian Gregório Grande — a Coluna teve acesso a informações que apontam novas investigações em andamento em outras áreas do Governo Ciacci. Com a deflagração da operação pela PCMG, outras investigações lideradas por órgãos de controle, tendo a Polícia Civil como participante, tiveram que apressar os trabalhos para não perder os alvos investigados. Ocorre que, depois da ação da Polícia Civil no caso do uso indevido de máquinas públicas, todas as chefias do Poder Executivo e até do Legislativo Municipal estão “ressabiadas com a repercussão do caso, e muitos alvos em outras investigações mudaram a forma de agir, o que trouxe cautela e mudança de tática aos órgãos investigadores”. A maioria das investigações vem ocorrendo desde a gestão passada, mas foram aprofundadas na gestão Ciacci, tendo em vista o “modus operandi de alguns alvos que estariam bem mais ousados nesta gestão; e agora, com a operação que apurou irregularidades na Secretaria Municipal de Obras, todas as demais repartições do Município estariam sendo repassadas pelo governo, a fim de desmantelar esquemas e novos problemas”. Fato é que, segundo fontes da Coluna em dois órgãos de fiscalização estaduais, a maioria das investigações começou na gestão passada, mas os “atos suspeitos continuaram e se intensificaram na Gestão Ciacci”. Os investigadores, mesmo já tendo identificado irregularidades, aguardam mais dados para apurar a dimensão das ações, todos os envolvidos e seus níveis hierárquicos (integrantes do Legislativo também seriam alvo). Depois da operação da PCMG, os demais órgãos de investigação estudam se aproveitam o momento para deflagrar novas ações e registrar o que já foi apurado ou se aguardam para verificar até onde vai o envolvimento de servidores públicos, empresários e instituições locais. É aguardar para ver, pois parece que a atual gestão herdou bem mais do que imagina do governo passado!

Sem resposta e sem fiscalização
A Polícia Civil e a Prefeitura de Varginha ainda não deram esclarecimentos sobre quais seriam as empresas e pessoas beneficiadas com o trabalho irregular de máquinas públicas — irregularidade desbaratada pela própria Polícia Civil na semana passada na Gestão Ciacci. Mas o curioso é que, no Legislativo, que tem por obrigação fiscalizar o Executivo, o silêncio é sepulcral! Será que ninguém da Câmara vai pedir informações sobre a operação da Polícia Civil que resultou na queda do primeiro secretário em apenas 11 meses desta gestão? Afinal, o que a sociedade espera — e que certamente será cobrado pelos adversários políticos de Ciacci, agora ou nas eleições — é saber: houve pagamento irregular? Quem recebeu? Quem pagou pelo uso de equipamentos públicos da Secretaria Municipal de Obras?

Resposta da Copasa à queda da liminar
A assessoria de imprensa da Copasa entrou em contato com a Coluna Fatos e Versões para dar sua versão sobre a decisão judicial divulgada na semana passada pela Prefeitura de Varginha. No comunicado da semana passada, a Prefeitura informou a suspensão da liminar que havia sido concedida em 1ª instância à Copasa. Com a suspensão da liminar, ficam restabelecidos integralmente os efeitos da Lei Municipal nº 7.7276/2024, que “dispõe sobre a vedação de suspensão do fornecimento de energia elétrica e água sem aviso prévio ao consumidor”. A suspensão foi concedida pelo desembargador Pedro Bitencourt Marcondes, da 19ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, relator do agravo de instrumento interposto pelo Município. Com a nova decisão, a população varginhense deve ser avisada previamente sobre suspensão do fornecimento de água. Na nota enviada pela Copasa à Coluna, na última sexta-feira, 21/11, diz a empresa: “A Copasa informa que ainda não foi notificada sobre a decisão mencionada no comunicado divulgado pela Prefeitura de Varginha. Assim que houver comunicação oficial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a Companhia analisará o teor da determinação e adotará as medidas cabíveis. Vale destacar que, como a inadimplência é um dos maiores desafios enfrentados pela Companhia, a empresa vem realizando na cidade um mutirão de negociação de débitos, com o objetivo de facilitar a regularização das contas em atraso e ajudar os clientes a evitar a suspensão do fornecimento de água por inadimplência. Os clientes podem solicitar a renegociação tanto na Agência de Atendimento de Varginha quanto pelos canais digitais como Agência Virtual, Webchat e WhatsApp. Agentes de mobilização também estão visitando os imóveis, devidamente identificados, para apresentar as opções de negociação. A Copasa reforça seu compromisso com a transparência, o cumprimento da legislação e a prestação de serviços com qualidade à população”.

Mudança consolidada
Depois que o PSD recebeu o então candidato a prefeito Leonardo Ciacci em 2024, salvando sua candidatura vitoriosa ao Executivo municipal, a relação do ex-prefeito Verdi Melo e do atual prefeito com o deputado federal Diego Andrade ficou muito mais forte. Diego Andrade foi o fiador da filiação de Ciacci ao PSD e ainda abriu espaço para que Verdi Melo seja candidato a deputado em 2026 pela legenda. A agenda de Diego Andrade e Verdi Melo tem se cruzado em muitas comemorações nas cidades da região. Os dois visitam entidades, lideranças políticas e, sempre que juntos, registram tudo para as redes sociais. Não se sabe se Verdi tem “lamuriado com Diego sobre os abalos de sua relação com Ciacci”, afinal o deputado tem proximidade com ambos. Parece que Diego quer se manter distante da relação “paroquiana entre Ciacci e Verdi”. Em 2026, Diego vai precisar do apoio de ambos: o do prefeito em Varginha e o da dobradinha com Verdi Melo para ampliar sua base eleitoral na região. Verdi pode ser candidato pelo PSD, mas ainda avalia convites de outras legendas.

Pinga Fogo
A liderança de Varginha nas exportações em Minas, decorrente dos altos preços do café no mercado internacional, pode trazer ao município recursos capazes de transformar a cidade — ou o dinheiro vai “fazer fraquejar os líderes municipais”? Mesmo recebendo do governo municipal gordos recursos públicos no setor cultural e por leis de incentivo, uma liderança cultural local próxima à esquerda estaria produzindo um dossiê robusto, com detalhes assombrosos sobre o que acontece no setor! Quanto os comerciantes de Varginha contribuíram para a caríssima decoração natalina instalada pela Prefeitura no centro da cidade? É obrigação do Executivo pagar sozinho a conta? Uma gestão eficiente teria encontrado parceiros! Cidades da região, como Pouso Alegre, estão pleiteando conexão aérea com BH e ampliação do aeroporto. Diante disso, há risco de perdermos investimentos aeroportuários ou tal movimento vai consolidar a liderança do nosso aeroporto?

Articulado e influente
Um dos nomes mais influentes e articulados do Governo Zema é o secretário estadual de Governo, Marcelo Aro, que já foi importante deputado federal pelo PP. Aro possui mais capilaridade e popularidade política que o próprio vice-governador, que deseja substituir Zema em 2026. Enquanto Aro desfila com maestria dentro e fora do governo, garantindo apoio de deputados e prefeitos Minas afora, o vice possui alta rejeição no Legislativo e poucos prefeitos que o apoiam. Em Varginha, uma das lideranças que tem proximidade com Aro é o deputado federal Dimas Fabiano, seu colega no Congresso. Em diversos momentos, Aro e Dimas atuaram em conjunto para conseguir investimentos na região. Dimas Fabiano deve ser um dos apoiadores da pré-candidatura de Aro ao Senado em 2026. A conferir!

Prosperidade e Tentação
Uma série de fatores está provocando uma “falsa fartura no Sul de Minas”. Muitos municípios estão com caixa cheio em razão do alto repasse estadual às prefeituras, já que o Governo Zema está devolvendo valores represados na gestão passada do petista Fernando Pimentel. Varginha também tem recebido mais do que o regular por causa dessas compensações. Além disso, o Sul de Minas recebeu muitos investimentos e empresas nos últimos anos, e algumas delas já começaram a operar, trazendo aumento de arrecadação. Soma-se a isso o fato de que a região é forte produtora de café — hoje com preços muito altos — o que também injeta recursos nos municípios. E, por fim, o ano que vem é eleitoral: governos federal e estadual estão fazendo investimentos estratégicos na região para buscar votos, liberando centenas de emendas parlamentares e bilhões em recursos. Tal prosperidade sazonal é perigosa, pois muitos municípios e lideranças locais “não estão acostumados à tentação de ver tanto dinheiro disponível, e alguns exageros já estão sendo identificados”.

Prosperidade e Tentação – 02
É preciso que as autoridades municipais aproveitem essa prosperidade temporária com sabedoria, para que o dinheiro extra (e finito) deixe um legado — e não uma onda de escândalos. Também é importante lembrar que a parcela extra repassada pelo Governo do Estado vai acabar em breve, deixando de engordar áreas como saúde e educação. As empresas que começaram a operar e ampliaram a arrecadação também vão demandar mais infraestrutura, segurança e eficiência pública. Ou seja: aumento de receita não é dinheiro sobrando; é investimento obrigatório para sustentar o crescimento futuro. E os preços recordes do café vão cair — todo cafeicultor sabe disso. Muitos produtores já estão planejando rotatividade, investimentos, contenção de gastos. Quanto às emendas parlamentares, após as eleições de 2026 elas vão despencar, porque governos precisarão frear gastos. Sem planejamento estratégico, municípios poderão enfrentar um rastro de contas rejeitadas no Tribunal de Contas e irregularidades diversas. Muitos gestores são carismáticos, mas têm pouco pudor diante de tentações financeiras. A conferir!

Saco de bondades
Os recursos públicos que a Câmara de Varginha vai devolver à Prefeitura vão ajudar no pagamento antecipado do 13º salário do funcionalismo, bem como no apoio às vítimas das fortes chuvas que caíram em Varginha. A “sobra” do orçamento da Câmara não é resultado de uma economia extraordinária, mas sim do alto orçamento da cidade, que gera um repasse obrigatório maior do que o necessário para o Legislativo. Todo recurso da Câmara e da Prefeitura é público, ainda que carimbado. Parece coerente que o Legislativo, ao devolver parte de seus recursos ao Executivo, indique onde gostaria que fossem aplicados. Isso é justo e ético — tanto para o Legislativo quanto para o Executivo.

Gazeta de Varginha

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