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Opinião com Luiz Fernando Alfredo - 27/11/2025

  • gazetadevarginhasi
  • há 19 horas
  • 3 min de leitura
Por Luiz Fernando Alfredo
Por Luiz Fernando Alfredo

A nudez do estado de direito e o colapso do discernimento democrático


Vivemos uma era de afronta aberta às instituições e à própria Constituição brasileira. Nunca houve tanto ativismo judicial, decisões que parecem mais imposições políticas do que interpretações do direito. O Supremo Tribunal Federal, outrora guardião da Constituição, muitas vezes atua como um ator político, perseguindo figuras públicas e alimentando polarizações que ameaçam a própria base do Estado Democrático de Direito.

A crise, porém, não é meramente institucional ou tecnológica — é, sobretudo, cognitiva. O problema central é o desaparecimento do discernimento crítico na sociedade brasileira. Cada vez mais, assistimos a uma narrativa que mistura fatos com opiniões, verdades com interesses, e opiniões pessoais com verdades universais. O entendimento de que o papel do judiciário é aplicar a lei, e não fazer política, foi substituído por uma visão que vê na decisão judicial uma ferramenta de combate, perseguição ou manipulação.

O episódio mais recente — o debate sobre o que aconteceu em 8 de janeiro de 2023, e a insistência de alguns em classificar o episódio como golpe — evidencia essa confusão. Em uma sociedade que confunde opinião com fato, a narrativa da perseguição política ganha força, enquanto a análise racional e fundamentada é deixada de lado. É mais confortável acreditar em conspirações do que buscar a verdade, uma tarefa que exige humildade, estudo e coragem de reconhecer a complexidade dos fatos.

A nudez do cérebro político e jurídico é também emocional: alimentados por ressentimentos, impulsos e convicções inflamadas, muitos parecem incapazes de reconhecer nuances ou aceitar a dúvida como parte do processo democrático. Assim como na esfera individual, na esfera institucional o debate se transforma em batalha, onde vencer parece mais importante do que compreender.

O discernimento, nesse contexto, não nasce espontaneamente. Ele precisa ser cultivado com respeito às leis, ao contraditório, ao estudo aprofundado e à autocrítica. Sem isso, o Estado de Direito fica vulnerável, exposto às manipulações e ao infantilismo político. O golpe, a perseguição, a judicialização da política — tudo isso só ganha força quando o cérebro coletivo perde a capacidade de pensar criticamente.

O grande desafio do nosso tempo é recolocar a Constituição e as instituições no centro do debate público, resgatando a importância do entendimento, da leitura, da reflexão e do diálogo sério. É preciso aprender a dizer “não sei”, reconhecer que a verdade muitas vezes exige paciência, e que a justiça democrática se constrói com humildade, não com arrogância ou prepotência jurídica.

A história brasileira sempre enfrentou momentos de crise e de excesso de paixão. Hoje, ela vive uma nudez ainda mais exposta: a nudez do Estado que, ao invés de proteger a Constituição, a ignora; do judiciário que, ao invés de moderar, atua como ator político; e de uma sociedade que, muitas vezes, prefere o ruído da opinião rápida ao silêncio da reflexão.

Só será possível recuperar o equilíbrio e a credibilidade das nossas instituições quando, acima de tudo, recuperarmos o mais precioso dos músculos humanos: a capacidade de discernir, de separar o verdadeiro do falso, o justo do injusto, o legal do ilegal.

Finalizando, estão aí os resultados: Brasil em crise — política, econômica, estrutural e moral. Tornou-se um párea internacional, com a população inteira pagando a conta pelos gastos e pelo tempo perdido desde 2023, sem saber até que ponto mais prejuízos nos aguardam devido a um único poder que perdeu o discernimento – Supremo Tribunal Federal.

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