Varginha sob enxurrada: o preço de uma cidade asfaltada demais
Nos últimos dias, Varginha enfrentou uma chuva de aproximadamente 80 milímetros, volume expressivo, mas comum em diversas cidades brasileiras nesta época do ano. O efeito, porém, foi desproporcional: ruas se transformaram em verdadeiros corredores de enxurrada, bairros ficaram isolados e o Município decretou situação de emergência.
O Prefeito afirmou que “a impermeabilização do solo é inevitável”, justificando que o crescimento urbano leva naturalmente à redução das áreas de infiltração. A afirmação é parcialmente verdadeira e relativa, pois ignora um ponto essencial: a forma como a cidade é pavimentada e drenada determina se a água será controlada ou se descerá ladeira abaixo como um tobogã — algo especialmente grave em uma cidade de topografia acidentada como Varginha.
Nos últimos anos, foram gastos mais de 50 milhões em asfaltamento, investimento que, sozinho, não resolve problemas de mobilidade e muito menos de drenagem urbana. Pelo contrário: quando o asfalto é aplicado em grande escala, sem contrapartidas técnicas equivalentes — como novas bocas de lobo, galerias dimensionadas, bacias de contenção e pavimentos permeáveis — o resultado costuma ser justamente o que vimos naquele sábado: água ganhando velocidade, arrastando tudo e causando danos que poderiam ser evitados.
E acrescentando mais dois pontos em especial: O empreendimento em frente ao velho mercado do produtor que fora protegido - não sabemos o porquê - do projeto da grande rotatória daquele local. A ponte do lado daquele comércio que não dá vazão, retendo água de chuva. Projeto não pensado ou dispensado? O outro ponto é a trincheira abaixo do shopping que também não comporta a jusante.
A chuva forte foi um desafio, mas a forma como a cidade está estruturada transformou o desafio em desastre. Se queremos evitar novas situações como esta, o caminho não é apenas decretar emergência, e sim, criar uma meta de trabalho para planejar com seriedade. Drenagem não aparece em foto, não dá voto fácil, mas as consequências de uma tempestade que não encontrou “ralos” suficientes na cidade é o bastante para criar um desgaste político enorme. Novas chuvas virão! Como ficará? Wiliam, que mancada!
Sabemos que o atual Prefeito, Ciacci, herdou tais problemas que vêm se avolumando há dezenas de anos e, por outro lado, ao receber o legado do ex – Prefeito, Verdi Lúcio Melo, como algumas obras inauguradas e não terminadas, vieram juntos os Secretários e Assessores dele (alguns bons, trabalhamos na mesma administração, no passado), mas especialmente o Secretário de Obras e presidente da defesa civil, Wiliam Grande, parece ter preocupado em fazer ralos proibidos na Prefeitura, caso seja constatado pela justiça, esquecendo-se que as ruas do Município precisavam de mais ralos para escoar água de chuva.
A propósito, em vários editoriais falamos sobre alguns fornecimentos de bens e serviços ao município com pouca transparência, vindo da gestão passada, os quais estavam sendo apurados numa comissão de fiscalização pelo vice-Prefeito, Antônio Silva, na Prefeitura, porém, até hoje não vimos movimentação na Câmara e nem no Ministério Público, salvo engano. Decepcionados, pretendíamos até parar de escrever, por não enxergarmos resultados - hobby indispensável para nós – contudo, não temos vocação para ser a palmatória do Município, portanto, se continuar como está, não tocaremos mais no assunto, pois, ficará mais evidente, o porquê do Brasil ser um grande caranguejo.
O Prefeito, Leonardo Vinhas Ciacci, merecidamente, por sua trajetória política, o Estado concedeu-lhe a medalha Santos Dumont, nós já o parabenizamos com orgulho, mas deixamos um conselho respeitoso: livre-se urgentemente dos estigmas do passado, se não, mais pragas virão.
Varginha, terra amada, idolatrada, você é uma grande mãe e perfeita madrasta. Que seus filhos e enteados sejam gratos ao Espírito Santo das Catanduvas!
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