CPMI do INSS ouve Milton Salvador sobre esquema de fraudes em beneficios
gazetadevarginhasi
19 de set.
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Carlos Viana, presidente da CPMI, ao lado de Milton Salvador de Almeida Junior, contador que trabalhou com o "Careca do INSS" - Divulgação Carlos Moura/Agência Senado
CPMI do INSS ouve contador sobre esquema de fraudes de Careca do INSS.
Em depoimento à CPMI do INSS, o técnico em contabilidade Milton Salvador de Almeida Junior negou ser sócio de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, preso em operação por fraudes em descontos de benefícios previdenciários. Salvador afirmou que prestava serviços de assessoria financeira e que sua função era administrar contas a pagar e receber, junto a duas assistentes.
— Eu não sei o que houve durante o inquérito policial. Eu consto lá como sócio do Careca do INSS. Não sou, nunca fui e jamais serei — declarou o contador.
A convocação de Salvador foi solicitada em nove requerimentos, incluindo um do relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), que apontou indícios de relações financeiras do convocado com entidades associativas e empresas de Antunes.
Salvador explicou que trabalhou 19 anos no Grupo Paulo Octavio e, posteriormente, foi contratado como pessoa jurídica para prestar serviços financeiros às empresas de Antunes, incluindo Acca Consultoria, Camilo Comércio e ACDS Call Center. Segundo ele, as empresas tinham como sócio o filho de Antunes, Romeu Carvalho Antunes, cuja convocação já foi aprovada pela CPMI. O valor do contrato era de R$ 60 mil mensais, o dobro do que recebia anteriormente.
Durante a arguição, o relator elogiou o comparecimento de Salvador sem habeas corpus e chegou a sugerir a reavaliação de pedido de prisão preventiva feito à Polícia Federal. No entanto, após questionamentos de parlamentares, a avaliação positiva sobre o depoente foi revista, devido à dificuldade de acreditar em algumas informações fornecidas e aos altos valores das notas fiscais emitidas.
Salvador afirmou que, ao ser deflagrada a operação Sem Desconto, recebeu os agentes da PF, momento em que percebeu possíveis irregularidades. Ele disse que questionou Antunes, que negou envolvimento, e interrompeu o contrato assim que teve ciência das fraudes.
O vice-presidente da comissão, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), alertou que a continuação do trabalho, mesmo com suspeitas, poderia configurar dolo eventual, tornando Salvador passível de responsabilização.
O contador afirmou não ter contato direto com as associações responsáveis pelos descontos nos benefícios previdenciários, como Ambec e CBPA, e disse que toda a contabilidade era terceirizada. Ele também reconheceu que, com base nas notícias, suspeitou de irregularidades, mas não tinha conhecimento da real prestação dos serviços.
Senadores e deputados questionaram Salvador sobre o funcionamento do esquema e a movimentação de recursos, que, segundo ele, chegava a R$ 10 milhões mensais. O senador Jorge Seif (PL-SC) classificou a operação de Antunes como uma “indústria de fraudes” e questionou a atuação do contador. Salvador afirmou que não tinha contato com autoridades ou servidores do INSS e que foi contratado via currículo do LinkedIn.
No encerramento da sessão, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana No encerramento da reunião, o presidente da CPMI, declarou que os trabalhos da comissão não vão parar, apesar das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que garantem aos depoentes o direito constitucional de permaneceram calados, ressaltando que milhares de aposentados e pensionistas aguardam respostas sobre o esquema de fraudes.
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