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Crise no leite se aprofunda e ameaça produtores em Três Corações e região

  • gazetadevarginhasi
  • há 5 horas
  • 2 min de leitura

Reprodução
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A cadeia produtiva do leite atravessa um dos momentos mais delicados dos últimos anos, e os reflexos já são sentidos em Três Corações e em municípios de toda a região. A combinação entre a queda prolongada no preço pago ao produtor, o aumento dos custos de produção e o avanço das importações tem colocado a atividade em situação de risco, segundo avaliação do produtor rural e técnico em laticínios Luciano Abrahão, que acompanha de perto a realidade do setor.
De acordo com ele, a crise teve início em março e se estendeu por todo o período de seca sem qualquer reação positiva nos valores praticados pelo mercado. O preço pago pelo litro de leite segue em trajetória de queda e, na prática, já não cobre os custos da produção. Insumos essenciais, como milho, soja e medicamentos veterinários, tiveram alta significativa, assim como a mão de obra, que se tornou cada vez mais escassa no meio rural. Atualmente, há produtores recebendo entre R$ 1,70 e R$ 1,80 por litro, patamar considerado inviável para a manutenção da atividade.
As dificuldades não se restringem às propriedades rurais. Laticínios e queijarias também enfrentam problemas para equilibrar as contas, uma vez que os preços dos derivados não acompanham o aumento dos custos operacionais.
Paralelamente, cresce a entrada de leite em pó e queijos importados, principalmente da Argentina e do Uruguai, que chegam ao mercado brasileiro a valores inferiores e ampliam a pressão sobre o setor interno.
Segundo Luciano Abrahão, parte desses produtos importados nem sempre tem origem nos países vizinhos. Há situações em que o leite é produzido em outros mercados, como a Nova Zelândia, transita pelo Mercosul e entra no Brasil com custos que o produtor nacional não consegue competir. Para ele, falta uma atuação mais firme do governo federal no sentido de proteger a produção brasileira, com regras que limitem ou taxem essas importações.
O impacto da crise vai além do campo e atinge diretamente a economia das cidades do interior. O produtor alerta para um movimento crescente de abandono da atividade, venda de gado e fechamento de propriedades rurais, o que pode provocar êxodo rural e redução da renda em municípios fortemente dependentes do agronegócio. Minas Gerais, maior produtor de leite do país, tende a sentir esses efeitos de forma ainda mais intensa, especialmente no Sul do estado.
A perspectiva para os próximos meses, segundo o especialista, segue preocupante.
A expectativa é de nova queda nos preços durante dezembro e janeiro, com possibilidade de estabilização apenas a partir de fevereiro.
Diante desse cenário, Luciano Abrahão avalia que a mobilização política se torna fundamental, com produtores buscando apoio de deputados e senadores para a criação de mecanismos que garantam condições mínimas de sobrevivência para quem ainda insiste em produzir leite no Brasil.

Gazeta de Varginha

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