Instituto teria tentado desviar recursos de ao menos 21 prefeituras de Minas, diz PF
PF desarticula esquema de desvio de verbas públicas em prefeituras mineiras
Uma organização criminosa liderada pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) está sob investigação da Polícia Federal (PF) por suspeita de desviar R$ 27,5 milhões de prefeituras mineiras durante a pandemia de Covid-19. O relatório da Operação “Entre Amigos II” indiciou 27 pessoas ligadas ao esquema, que utilizava influência política para direcionar verbas federais a pelo menos 18 municípios de Minas Gerais, lucrando com contratos ilícitos, frequentemente sem licitação.
Embora as fraudes em três cidades tenham sido identificadas entre 2020 e 2021, a investigação aponta que a atuação do grupo começou em 2018. O delegado Felipe Baeta revelou que o IBDS contava com lobistas experientes em gestão pública para garantir recursos em Brasília, visando contratos superfaturados. “Eles mantêm contatos escusos com políticos para obter vantagens financeiras”, afirmou Baeta.
O esquema teve início em Matozinhos, Prudente de Morais e Confins, avançando posteriormente para Divinópolis, Betim e Ribeirão das Neves, onde o desvio foi comprovado. Os prejuízos podem chegar a 20% dos cerca de R$ 200 milhões pagos ao IBDS pela gestão de serviços de saúde.
Entre os principais suspeitos está Marcelo Luiz Alves, indiciado por peculato. Segundo a PF, ele usava sua experiência em administração pública para articular contratos superfaturados, como os destinados à locação de ambulâncias. Documentos indicam que, entre 2019 e 2020, sua empresa de fachada, Target, recebeu R$ 6,8 milhões em contratos com o IBDS, sendo que metade desse valor teria sido desviada.
A investigação prossegue, mas a reportagem não conseguiu contato com Marcelo nem com representantes do IBDS.
As investigações da Polícia Federal (PF) sobre fraudes em contratos públicos lideradas pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) já resultaram em 38 indiciamentos nas duas fases da “Operação Entre Amigos”. Os desvios, estimados em pelo menos R$ 27,5 milhões, ocorreram em Divinópolis e Betim, entre 2020 e 2021, durante a pandemia de Covid-19.
Em Divinópolis, onde o esquema foi inicialmente descoberto, a PF revelou que servidores públicos colaboraram com o IBDS para fraudar contratos relacionados à gestão de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e um hospital de campanha. As fraudes incluíam superfaturamento de compras e direcionamento de contratos para empresas de fachada. O prejuízo identificado foi de R$ 3,5 milhões.
As investigações se expandiram para Betim, onde uma auditoria revelou desvios de R$ 23 milhões em contratos para a gestão de equipamentos de saúde durante a crise sanitária. Segundo o delegado Felipe Baeta, não há indícios de participação da prefeitura no esquema. Além disso, uma terceira fase da operação apura desvios de R$ 1 milhão em Ribeirão das Neves.
Mensagens trocadas entre os investigados apontam tentativas de expansão do esquema para 18 municípios mineiros, incluindo Belo Horizonte, Brumadinho, Confins, Nova Lima, Sete Lagoas e Timóteo. Não há comprovação de que essas investidas tenham obtido sucesso em todas as cidades mencionadas.
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