Prevenção em Pauta: Radares e Velocidade Segura, Educação para Salvar Vidas

Muitos motoristas costumam questionar a presença de radares de controle de velocidade em determinados trechos de rodovias ou vias urbanas. À primeira vista, esses equipamentos podem parecer apenas instrumentos de fiscalização, mas sua função vai muito além de multar: eles são ferramentas essenciais de prevenção.

O uso dos radares é uma metodologia técnica de gestão de tráfego, aplicada justamente em locais onde há elevados índices de sinistros, pontos críticos identificados por estudos de segurança viária. Esses dispositivos têm como objetivo reduzir a velocidade média dos veículos, que é considerada um dos principais fatores de risco para a ocorrência e a para a gravidade dos acidentes.

Quando a velocidade é controlada, diminuem as chances de colisões e, principalmente, a severidade das lesões em caso de impacto. Essa é uma das estratégias mais eficazes para preservar vidas e tornar o trânsito mais seguro, tanto nas rodovias quanto dentro da área urbana.

É dentro desse contexto que abordamos, nesta edição da "Prevenção em Pauta", o papel da velocidade como fator de risco e as consequências diretas do excesso de velocidade para todos os usuários da via.

Alta Velocidade: O Inimigo Silencioso do Trânsito

Entre os principais fatores que ameaçam a segurança, tanto em vias rurais quanto em vias urbanas, a velocidade excessiva se destaca como uma das maiores causas de risco à vida, figurando constantemente nas estatísticas como uma das principais responsáveis por sinistros de trânsito. A pressa, frequentemente encarada como algo comum no dia a dia, torna-se um inimigo silencioso, capaz de aumentar tanto a ocorrência quanto a gravidade dos acidentes.

Fonte: O autor

Estatísticas de sinistros de trânsito, constatado por excesso de velocidade no estado de MG

A velocidade influencia diretamente dois aspectos fundamentais: a distância de reação e a distância de frenagem. Quanto mais rápido o veículo se desloca, maior é o espaço necessário para parar completamente. Por exemplo:

• A 80 km/h, um condutor percorre cerca de 22 metros antes de reagir e mais 35 metros até parar totalmente.

• Já a 50 km/h, são 14 metros de reação e 13 metros de frenagem.

  
  

  

  Fonte: O autor

Essa diferença pode parecer pequena, mas pode significar a distância entre evitar um acidente e causar uma tragédia.

Além disso, a velocidade afeta o campo de visão do motorista. Em velocidades elevadas, o condutor sofre o chamado, efeito túnel, sua visão periférica se reduz, causando a dificultando na percepção de pedestres, ciclistas e veículos próximos. O resultado é uma condução menos atenta ao entorno e mais vulnerável a imprevistos.

Outro ponto crítico é a energia do impacto. Segundo a física, a energia cinética de um veículo (E = m. v²) aumenta de forma exponencial com a velocidade. Isso significa que pequenos aumentos na velocidade multiplicam a força do impacto em uma colisão. Essa energia é transferida para o corpo humano, causando lesões graves, ou fatais principalmente em usuários mais vulneráveis, como pedestres, ciclistas, motociclistas, idosos e crianças.

As vias urbanas, por sua vez, não são projetadas para comportar altas velocidades. São espaços de convivência, travessias e interações diversas. Assim, não basta apenas reduzir os limites de velocidade; é preciso adequar a infraestrutura viária e fortalecer a fiscalização. Ruas bem planejadas, sinalizadas e coerentes com a velocidade desejada induzem o comportamento seguro dos motoristas.

Estudos mostram que cada aumento de 1% na velocidade média eleva em até 4% o risco de sinistros fatais, enquanto uma redução de 5% pode diminuir as mortes em até 20%. Esses números mostram que pequenas mudanças no acelerador fazem uma enorme diferença na preservação da vida.

Resumindo: a alta velocidade reduz o tempo de reação, restringe o campo de visão e multiplica a força do impacto. Respeitar os limites de velocidade não é apenas obedecer à lei, é um ato de responsabilidade e empatia.

Diminuir a velocidade não faz você perder tempo; faz você ganhar vida.

Fonte: o autor

 

 Por Cristiane Gomes

Instrutora Especialista em Planejamento e Gestão de Trânsito, com formação em Pedagogia, Bacharelado em Administração e curso técnico em Segurança do Trabalho.

Com ampla experiência nas áreas de educação para o trânsito, segurança ocupacional e treinamentos corporativos, é proprietária da R-Sarto Treinamentos, empresa especializada em capacitação profissional e desenvolvimento de programas preventivos.

Atua como colunista da Gazeta de Varginha, abordando temas voltados à prevenção, mobilidade segura e cultura de segurança no trabalho.

Contato profissional: rsartotreinamentos@gmail.com

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