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Psiquiatra aponta falhas em cuidados com jovem morto por leoa em João Pessoa

  • gazetadevarginhasi
  • há 10 minutos
  • 2 min de leitura
fonte: o tempo
fonte: o tempo
A morte de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, conhecido como Vaqueirinho, após invadir a jaula de uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, reacendeu o debate sobre a falta de políticas públicas para pessoas com transtornos mentais graves no Brasil. O jovem, diagnosticado com esquizofrenia, vivia em extrema vulnerabilidade social e não recebeu tratamento adequado durante sua vida.
Segundo a conselheira tutelar Verônica Oliveira, que acompanhou Gerson entre os 10 e 18 anos, ele enfrentou diversas violações de direitos desde a infância. "Filho de uma mãe com esquizofrenia, com avós também afetados, vivia numa pobreza extrema", disse. Apesar de pedidos frequentes de laudos psiquiátricos, o Estado classificava seu comportamento como mera conduta inadequada, negando-lhe tratamento especializado.
O psiquiatra Rodrigo Bressan, professor da Unifesp e especialista em esquizofrenia, afirmou que o caso evidencia a ausência de políticas de intervenção precoce no Brasil. "O que falta? Identificação precoce, tratamento especializado imediato. O país ainda cuida de transtornos mentais graves já cronificados, um legado da era manicomial", explicou.
Segundo Bressan, a falta de atenção precoce faz com que jovens com início de psicose frequentemente abandonem a escola, se isolem e só recebam cuidados em crises graves, muitas vezes mediadas por polícia ou serviços de emergência. Ele reforça que programas de intervenção precoce, comuns em outros países, incluem acompanhamento do paciente e da família desde o primeiro episódio, aumentando significativamente a adesão ao tratamento.
"Tratamento adequado muda completamente a trajetória de vida do paciente. Temos exemplos de jovens que se tornaram médicos atuando normalmente. O problema é que o preconceito e o estigma ainda impedem que a maioria receba cuidados corretos", afirmou o especialista.
Bressan defende que a prevenção, o tratamento especializado e a educação da sociedade sobre saúde mental são essenciais para evitar tragédias como a de Gerson. "Precisamos de serviços baseados em evidências científicas, não em política ou ideologia. O conhecimento é a maior arma contra o preconceito", concluiu.

Gazeta de Varginha

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