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“Sá Biquinha”: café cheio de histórias e memórias

  • gazetadevarginhasi
  • há 18 minutos
  • 3 min de leitura
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Divulgação: Sindijori


Quem bebe uma xícara do café “Sá Biquinha” deve saber que naquele pacote há mais do que grãos do tipo arábica, que atingiram, na safra de 2025, a pontuação de 84,5, com notas sensoriais de caramelo e chocolate. O pacote também carrega histórias, memórias e a força da cafeicultura feminina e familiar.

Cultivado em Oliveira, no Centro-Oeste do estado, a cerca de mil metros de altitude, o “Sá Biquinha” foi idealizado por Renata Aparecida Mattar, de 55 anos, nascida no mesmo município. Ela encontrou nas lavouras da propriedade do marido, Márcio Eugênio Leite de Castro — presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Oliveira — a possibilidade de dar seu toque e estilo próprios a um café que já era produzido na fazenda, com área de 55 hectares plantados.
Hoje, parte da produção é vendida in natura e parte é beneficiada. É Renata quem cuida, de perto, dessa última etapa, acompanhando todo o processo até o produto ficar pronto para a venda.

História da família
É preciso voltar um pouco no tempo para contar algumas dessas histórias, que se entrelaçaram e ajudaram a construir o que hoje é o café “Sá Biquinha”.

Ainda na infância, Renata morava na cidade e tinha o costume de acompanhar a mãe em passeios até a fazenda do tio. Para chegar até lá — uma distância de aproximadamente três quilômetros — ela cortava caminho pelo meio de uma fazenda que, anos depois, se tornaria a sua casa. Na época, a propriedade já pertencia à família de Márcio, que Renata só conheceu mais de 20 anos depois, em São Paulo.

Eles se casaram, voltaram para Oliveira e se uniram com o objetivo de melhorar a produção de café da família.
Renata conta que, desde então, passou a ajudar o marido no manejo das lavouras.

“Eu não entendia muito, mas me interessei e fiz muitos cursos do Senar, que me ajudaram. Assim, nos finais de semana, acompanhava o meu marido nos tratos da lavoura; depois, passei a sugerir melhorias em terreiros de cimento, novas estratégias de secagem e de armazenamento”, lembra.

Há pouco mais de cinco anos, surgiu outra ideia: oferecer o produto pronto e embalado para o cliente. A iniciativa partiu de Renata, que passou a ser responsável por levar os grãos para torra e moagem em uma cidade próxima. Assim nasceu o café “Sá Biquinha”, ainda comercializado em pequenas quantidades, mas que vem conquistando a confiança de novos paladares.

Homenagem à “Sá Biquinha”
O nome escolhido para o café é o de uma das personalidades mais ilustres da história de Oliveira. “Sá Biquinha” era uma mulher negra, descendente de pessoas escravizadas, que viveu até os 102 anos. Ela era conhecida por catar latinhas para confeccionar adereços para suas roupas e para a casa onde morava, além de ser uma figura marcante no Congado e no Carnaval de Oliveira.
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Segundo moradores, ela tinha dons de prever o futuro.  
Quando criança, eu tinha o costume de ir até a casa de ‘Sá Biquinha’ para pedir para ela ler a minha mão. Em uma dessas conversas inocentes, ela me disse que eu iria morar em um campo cheio de cupins, risos, o que, de certa forma, veio a se cumprir”, conta Renata.

Por essas e outras histórias, a produtora rural guarda a lembrança com afeto e escolheu fazer a homenagem à moradora. “Sá Biquinha” ultrapassou os cem anos, mas não conseguiu viver o suficiente para usufruir do legado deixado no município nem para ver seu nome estampado em uma marca de café.
Sabiquinha
Sabiquinha
Carlos Chagas
Outra personalidade presente na embalagem do café é Carlos Chagas, também nascido em Oliveira. Médico, professor e pesquisador, entrou para a história da ciência e foi indicado duas vezes ao Prêmio Nobel.

Além de conterrâneo, Carlos Chagas faz parte da mesma família de Márcio Eugênio, proprietário da fazenda onde é produzido o café “Sá Biquinha”, reforçando ainda mais a conexão entre território, memória, ciência e tradição familiar.
Fonte: FAEMG SENAR

Gazeta de Varginha

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