Embrapa desenvolve solução para recuperar áreas degradadas pela mineração em Minas Gerais

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Uma pesquisa da Embrapa Cerrados está sendo conduzida em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais, com o objetivo de recuperar áreas degradadas pela mineração de ouro. O estudo propõe o uso de espécies nativas do Cerrado para revegetar barragens de rejeitos, onde o solo foi severamente danificado pelo processo de extração mineral.

Segundo a pesquisadora Leide Andrade, da Embrapa Cerrados, o solo dos taludes — estruturas inclinadas que contêm os rejeitos — apresenta baixa fertilidade, acidez elevada, compactação e escassez de matéria orgânica, além de baixa atividade microbiológica. Essas condições dificultam o crescimento de qualquer vegetação. “Nossa pesquisa é desenvolver um protocolo de revegetação utilizando espécies nativas do Cerrado altamente adaptadas a essas condições ambientais, como baixa fertilidade e clima com estações seca e chuvosa bem definidas. Já conseguimos selecionar algumas espécies adequadas”, explicou a pesquisadora.

Muitas das espécies escolhidas são leguminosas, que ajudam a devolver vida ao solo por meio da fixação de nitrogênio e da melhora na estrutura biológica do terreno. Leide afirma que o material atualmente presente nos taludes “nem pode ser chamado de solo” e que o trabalho consiste em literalmente construir um novo solo, utilizando as plantas para transformar o ambiente. Outro aspecto importante da pesquisa é a estabilidade das estruturas. Por isso, as plantas não podem ter raízes muito profundas nem crescer excessivamente, permitindo a inspeção contínua do local. A legislação ambiental brasileira exige cobertura vegetal nessas áreas para evitar erosão e garantir a estabilidade física das barragens.

A pesquisa é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e começou em janeiro de 2024. Parte dos resultados foi apresentada na Reunião Nacional da Sociedade Brasileira de Química, realizada em junho de 2025.