Minas Gerais registra 167 mil trotes em serviços de emergência e implementa rastreamento para identificar autores
gazetadevarginhasi
7 de out.
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Reprodução
Minas Gerais enfrenta um grave problema que compromete a eficácia dos serviços de emergência: em média, 29 trotes são registrados por hora. Somente entre janeiro e agosto de 2025, mais de 167 mil chamadas falsas foram feitas para os números 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) e 192 (Samu), gerando transtornos e colocando vidas em risco.
Essas chamadas falsas não apenas congestionam as linhas de atendimento, como também desviam recursos preciosos de situações reais. Emiliana Gomes dos Santos, auxiliar de cozinha, foi uma das vítimas indiretas da sobrecarga no sistema. Ela sofreu uma trombose em uma das válvulas do coração e, ao tentar acionar o Samu, sua família enfrentou dificuldades para completar a ligação.
“Ela nem chegava nem a chamar, como se o número não existisse. Quando chamava, caía. E não conseguimos a ambulância. Fui para o hospital com o carro do posto de saúde”, relatou Emiliana.
Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), o impacto dos trotes vai além da obstrução de linhas: eles geram custos operacionais elevados, mobilizam equipes inteiras e prejudicam o atendimento de emergências reais. Além disso, passar trote é crime — e pode levar a até cinco anos de prisão.
Para enfrentar o problema, o governo de Minas implementou recentemente um sistema de rastreamento em tempo real, chamado Siloc (Sistema de Localização). A tecnologia envia automaticamente a localização exata do celular de quem liga para os números de emergência, utilizando GPS, antenas de celular e Wi-Fi, sem precisar instalar nenhum aplicativo.
Segundo o superintendente de Integração e Planejamento Operacional da Sejusp, Bernardo Naves, o sistema já tem ajudado a identificar os autores dos trotes e possibilitar responsabilizações legais.
“São diversos crimes que podem ser imputados ao indivíduo que passa trote, dependendo de como for esse trote. O crime de interrupção de serviços telefônicos, uma vez que a pessoa está atrapalhando uma prestação de serviço de utilidade pública, e o crime de falsa comunicação de crime, se está falando que um crime está acontecendo e não está”, explicou.
A expectativa com a nova ferramenta é reduzir drasticamente o número de trotes, agilizar os atendimentos e garantir que as linhas fiquem disponíveis para quem realmente precisa de socorro urgente. As autoridades reforçam que uma ligação falsa pode custar uma vida.
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